Floresta Portuguesa
A Floresta Portuguesa é única nas suas características. Por esse motivo consideramos vital promover a atividade da floresta portuguesa de modo sustentável, tomando em linha de conta critérios sociais, económicos e ambientais no quadro de desenvolvimento e promoção do PEFC Portugal.
A composição da floresta nacional
A Floresta Portuguesa ocupa 3.2 milhões de hectares, o que corresponde a 36% do território nacional. Em oposição ao que se observava desde 1995, a área florestal aumentou em 60 mil hectares entre 2010 e 2015 (IFN 6). Assim, a floresta continua a ser o principal uso do solo (36%), segue-se 31% de ocupação agrícola e 24% de áreas de incultos.
A floresta nacional tem uma composição maioritariamente constituída por espécies autóctones (72%), sendo os montados (povoamentos compostos por sobreiro e azinheira) a principal ocupação florestal, com cerca de 1 milhão de hectares. Os pinhais (constituídos por povoamentos de pinheiro-bravo e pinheiro-manso) são a segunda maior ocupação florestal, com uma área pouco inferior a 1 milhão de hectares. As folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras) são a formação florestal menos representativa (10%).
Ainda assim, das espécies predominantes, o eucalipto é a espécie florestal que ocupa 26,2 % da área florestal, equivalente a 845 mil hectares. Segue-se o sobreiro com 22,3% de ocupação, o que corresponde a 719 mil hectares e o pinheiro bravo com 22,1 %, o que corresponde a mais 713 mil hectares de floresta.
Regime de Propriedade
A propriedade florestal é maioritariamente privada, com 84 % da área total detida por pequenos proprietários e empresas industriais. As áreas comunitárias correspondem a 14%, e apenas 2% são de domínio público.
A dimensão da propriedade florestal tem uma distribuição geográfica muito marcada, sendo que o grande número de prédios se situa no Norte e Centro, onde as explorações chegam a atingir dimensões com menos de 1 hectare. A Norte do Tejo, em 14 dos 18 distritos, a média dos prédios rústicos é de 0,57 hectares. Estima-se que existem cerca de meio milhão de proprietários florestais em Portugal.
Contributo Económico
Apesar do elevado número de proprietários e a pequena dimensão da propriedade florestal, os bens produzidos por esta via sustentam uma importante e integrada cadeia industrial, baseada em recursos naturais, suportando por si, um forte sector de exportação.
Segundo dados apurados pela Estratégia Nacional para as florestas, a floresta e os espaços associados contribuem anualmente para a economia com 982 milhões de euros. À função de produção estão associados 876 milhões de euros (correspondente a 63% do valor bruto). As fileiras florestais tradicionais (silvicultura, caça, pesca e silvo indústrias) são responsáveis por cerca de 80 000 empregos, sobretudo em regiões desvalorizadas do ponto de vista económico.
Segundo dados mais recentes divulgados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, as árvores na floresta portuguesa possuem um volume total de 186 milhões de metros cúbicos de volume de madeira que, em média, produzem 11,5 milhões de m3 de madeira de toros e rolaria de eucalipto e pinheiro-bravo. A cortiça representa 50% da produção mundial com 100 kton de cortiça. A produção de resina (8 kt), de pinha (70 kt) e de castanha (25kt) são as produções mais relevantes dentre outros produtos não lenhosos que contribuem para as fileiras silvo industriais.
A Silvicultura e Exploração Florestal representa 800 milhões de euros o que corresponde a 0,6 % do VAB nacional, enquanto que no seu conjunto, o setor florestal corresponde a 2,5 % do PIB nacional.
Do ponto de vista de transações para o mercado internacional de produtos florestais e de base florestal, os mais importantes são: papel e cartão, pasta de papel, cortiça, madeira e produtos de resina e mobiliário. Os produtos florestais garantem cerca de 10% das exportações nacionais e 71% da taxa de incorporação do valor nacional.
Estes valores resultam da diversidade desta atividade económica a par de aumentos de produtividade e da integração vertical das principais fileiras. A uma escala local, contribuem ainda outros polos como são a caça e pesca desportiva em águas interiores e atividades ao ar livre (turismo e lazer).
Consulte o Inventário Florestal Nacional para informações mais detalhadas.
Algumas particularidades da floresta Portuguesa são no entanto determinantes para planeamento e gestão, a saber:
- Uma relação entre floresta e sociedade secular e bem estabelecida;
- Uma floresta alvo dos maiores programas de florestação em grande escala do século vinte (a floresta aumentou a sua área de 2 milhões para 3.2 milhões nos últimos cem anos);
- Múltiplas regiões, com espécies florestais e sistemas de silvicultura diferentes e a necessidade de promover o uso múltiplo da terra e a fixação das populações;
- Legislação específica para o sector florestal dirigida para o desenvolvimento de estratégias regionais e planeamento florestal;
- Tendência para ocorrência de fogos florestais;
- Importância de algumas espécies florestais, tais como: Sobreiro, o Eucalipto e o Pinheiro Bravo;
- A complexidade da propriedade florestal com apenas 13% pertencente ao Estado e à Indústria. O restante pertence a cerca 500 000 proprietários florestais privados
Todas as particularidades referidas constituem um estímulo na vontade de promover a atividade florestal de modo sustentável tomando em linha de conta critérios sociais, económicos e ambientais no quadro de desenvolvimento e promoção do PEFC Portugal.